O processo criativo de Mozart
Wolfgang Amadeus Mozart em uma de suas cartas, publicada por
Robert Dilts, na obra “A estratégia da genialidade”, descreve como brotava a
inspiração de suas composições musicais. Para Mozart, suas ideias fluíam melhor
e de maneira mais abundante quando estava inteiramente só e de bom humor, se
sentindo completamente ele mesmo, viajando de carruagem, ou caminhando depois
de boa refeição, ou durante a noite quando não podia dormir. De onde e como
vinham essas ideias ele não sabia, e nem podia forçar seu surgimento. Retinha
na memória aquelas que o agradavam e, sem que o percebesse, as cantarolava para
si mesmo. Em seguida, como se quisesse fazer disto um bom prato, lhe ocorria
mudar algum trecho para que correspondesse às regras de contraponto e às
características de diversos instrumentos musicais. Tudo isto inspirava sua alma
e, se ninguém o perturbasse, o tema crescia por si próprio chegando a ser
metódico e definido. E, mesmo que fosse longo, se mantinha quase completo e
concluído em sua mente como se visse, de relance, agradável imagem ou formosa
estátua. Ouvia as partes todas em sua imaginação de uma só vez e isto lhe
provocava deleite indescritível. O processo inteiro ocorria como se fosse um sonho
vívido. Não se esquecia do que assim produzia e que considerava a mais
importante dádiva do Criador. Quando anotava suas ideias na pauta musical sacava
de sua memória o que de antemão havia reunido e passava rapidamente para o
papel, pois tudo já estava pronto e raras vezes diferia do que detinha em sua
imaginação. Nesta fase da composição, mesmo que fosse interrompido, não sofria
interferência do que acontecia no ambiente. Mas, sem duvida, a audição real da
música de seu sonho era o que havia de melhor.