quinta-feira, janeiro 03, 2019

Tempo de ser




Encantou-me a brincadeira,
de espreitar no mostrador,
voltas sem fim dos ponteiros.

Mas, quando entardeceu,
a soma de todas as horas
não teve mais espaço
no meu relógio infantil.

Enquanto pude acreditar
que os anos seguiriam
independentes de mim,
fui despercebido rodando
para o inverso de vida;
tempo que melhor seria
como início e não fim.

Pois se era forte e moço,
a evolução não poderia
me transformar num esboço
de quando me conheci.

Sem antes estar assim
desejei que houvesse retorno
ao passado em que me vi.
Ou que velhice vindo antes
trouxesse juventude a seguir.


Será ilusão o velho
enquanto fizer perene
este meu tempo de moço.

A estrutura física esconde
o que sei que não mudou,
a mesma criança que fui
é aquela que inda sou.